terça-feira, 13 de novembro de 2012

Tortura

_ Eles sabem ha muito tempo?
_ Há algumas horas, eles nos ouviram.
_ Nos ouviram por detrás das paredes?
_ Eu sabia que eles conseguiriam, eles sempre conseguem o que querem.
_ E ouviram qual parte?
_ A da puta e a da cadela.
_ E porque não falam nada se sabem?
_ Eles não podem interferir de maneira alguma.
_ E porque não podem?
_ Eles não entenderiam.
_ Eles não entenderiam tanto quanto eu não entendo. Achas que eu estou ficando louca porque?
_ Eu ainda não entendo onde queres chegar.
_ Chame os dois aqui, quero olhar pra eles. Não terei coragem de olhar nos olhos mas no rosto sim, preciso ver se estão ruborizados.
_ Não estão, eles sabem.
_ Terão coragem de olhar nos meu olhos depois de ouvirem atrás da porta?
_ Eles nunca reproduziriam tais palavras.
_ Tu não me amas.
_ Como sabes?
_ Quem ama não profere tais palavras. Já a chamaste assim?
_ Não, ela não permitiria.
_ Eles sabem disso?
_ Sim, sabem.
_ Então a amas.
_ Não sei, acostumei-me.
_ Toda puta tem um preço.
_ Sim, tem.
_ Então porque permites que eles tirem conclusões errôneas do que ouviram atrás da porta?
_ Esqueças isso.
_ Como? Não importa mais?
_ Nunca importou 
_(ela canta uma música)
_ Pares de cantar. Porque me torturas tanto? Pensas que não sofro?
_ Não sofres. Disso eu sei.
_ Como sabes? Foram eles que te disseram?
_ Eles nunca me dizem nada. Nunca sequer se dirigiram a mim, somente a ti.
_ Então como sabes? Diga-me, vamos.
_ Lembras dos meus óculos?
_ Tu não enxergas o que esta na tua frente. És incapaz de ver.
_Minto quando digo que não vejo. Quero não ver e por isso menti. Eu vejo.
_ Não podes dizer que vês o que não sabes. Sera que tu não sentes? Estas lentes cegaram lhe a alma também?
_ Sinto mas acredito em ti. Teu toque mente. E eles também mentem.
_ Meu toque não mente. Sempre digo que te amo com as minhas mãos.
_ Mas a boca nada diz. Diga agora então.
_ Agora não posso.
_ E porque não podes?
_ Ela esta atrás da porta. Eles a trouxeram.
_ E porque raios eles fariam isso?
_ Eu mandei.
_ Trouxeste a aqui para me ver e rir de mim?
_ Sim.
_ Diga me que eh um sonho.
_ É um sonho.
_ Será? Está tão quente.
_ Este lugar sempre foi quente.
_ Sempre foi? Ela ainda esta atrás da porta?
_ Sonhaste, já disse.
(ela continua a música)
_ Porque repetes essa musica? Porque me torturas?
_ Não sei. Me dá vontade de ver-te sofrer
_ Não entendo.
_ Logo entenderás.
_ Só tu podes me ajudar. Não entendo porque não queres.
_ Não posso.
_ Porque não podes? Não vês que me afundo agora? Se pelo menos tu me pediste uma única vez para não fazer isso.
_ Não posso.
_ Só me falas isso? Que não podes?
_ Quando voltares serás outro, e eu serei outra. Nada podemos mudar. É o destino que sopra assim.

Um comentário:

  1. uauuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuu...a.doreiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii.....lindo Pri....

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