quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Sonho da noite passada

Essa noite eu demorei tanto pra dormir e finalmente quando consegui, sonhei uma vida.

Sonhei que estávamos andando e conversando no meio da rua e você pegava a minha mão. Eu, espantada, soltava rapidamente e você segurando-a de novo com força, dizia: Daqui pra frente vai ser assim.

Como num filme, na próxima cena do sonho nós fazíamos uma caminhada aproveitando que as crianças estavam na casa da avó. O tempo estava fechando e nós falávamos sobre trabalho. Começava a chover forte, uma chuva de verão e eu corria pra debaixo de um todo qualquer. Você tomando chuva pedia pra eu sair dali, que a gente nunca tinha tomado um banho de chuva juntos e eu dizia que você ia acabar ficando doente... Parecendo um menino, uma criança, me puxou pelo braço. Eu, parecendo uma menininha fresca, gritava e ria ao mesmo tempo enquanto você tirava sarro de mim. Consigo sentir até agora os pingos gelando minha camiseta e meu pulso dolorido pela força que você fez pra me puxar. Continuamos andando de mãos dadas. Você parou na frente de um bar que estava cheio de gente tentando se proteger da chuva, ajoelhou-se e começou a cantar: "Eu te amo e vou gritar pra todo mundo ouvir"... Eu morrendo de vergonha e de amor não sabia o que fazer. Brigava com você e dizia pra você parar de ser tonto enquanto as pessoas que estavam no bar batiam palma e assoviavam, achando muita graça. Você levantou, nos beijamos e continuamos andando.

Eu estava ansiosa. Andava de um lado pro outro esperando notícias. Você me criticando e dizendo o quanto sou impaciente. Eu tinha certeza de que você estava tão impaciente quanto eu mas você sempre soube disfarçar melhor. Nos chamaram e pudemos vê-lo através do vidro da maternidade. Nosso primeiro neto era a criança mais linda do mundo. Meu coração estava tão aliviado, tudo havia dado certo. Você segurou minha mão tão forte. Eu não conseguia tirar os olhos daquele bebê. Finalmente, quando me virei e olhei pra você, as lágrimas escoriam copiosamente, como eu nunca tinha visto antes. Nos abraçamos, juntamos nossas cabeças e continuamos olhando através do vidro por muito tempo.

Uma sensação diferente tomou conta do meu corpo e eu sentia muita sede. Tentei levantar pra pegar um copo de água mas não consegui. -O que você quer, meu amor?- disse você num tom fraco, porém solícito. -Água- respondi. Estranhei minha voz, a palavra saiu torta. -Água?- você me perguntou. -Sim. Fazendo um pouco de força comecei a sentir minhas mãos. A pele fina, os ossinhos saltando. Sentia um pouco de dor mas não sabia direito onde, pensei ser nas costas.Você me segurou e me colocou sentada. Bebi um gole e sentia muita dificuldade em engolir. Você pediu pra eu beber mais. Eu fiquei olhando pra você fixamente. Os pensamentos estavam embaralhados e quando olhei para a janela, estava chovendo. Com muito esforço eu te disse -Vamos lá fora? Você respondeu -Mas está chovendo. Eu tentei rir e disse- Então! Você riu e me colocou de volta na cama. Fiquei olhando pro alto com o olhar perdido. Me virei para o lado e você estava olhando pra mim e pude ver uma lágrima caindo do seu rosto. Dei um sorriso e fechei os olhos novamente. O ar foi ficando ralo, fraco... eu tentava respirar mas não conseguia.

Acordei com o coração acelerado e com o celular na beirada da cama, tocando. Respirei tão fundo, o ar entrou nas narinas provocando um alívio imediato na alma. Peguei o celular, não era você. Respirei fundo novamente e atendi..

quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Reconhecimento

Quando a gente passa muito tempo das nossas vidas nos dedicando a alguém ou a alguma empresa estamos sempre pensando em alguma forma de reconhecimento.

Eu tenho a opinião de que não existe altruísmo  Não existe fazer algo sem querer algo em troca... pode ser um sorriso, um "obrigado", uma promoção no trabalho... mas sempre esperamos algo em troca.
E quando esse algo nunca vem ficamos frustrados e acabamos jogando essa frustração onde esperávamos que houvesse o reconhecimento, portanto, a culpa é nossa.

É muito difícil aceitar que você dedicou tanto tempo e disposição naquilo e que as pessoas que vc queria que vissem o seu trabalho não vêem, e muitas vezes você fez para ajudá-las a melhorar mas mesmo assim elas não enxergam.

Mas como tudo na vida tem os dois lados... nada passa despercebido. Sempre existe alguém que foi tocado por você, muitas vezes sem você perceber, pois estava tentando alcançar algo tão longe que não se deu conta de que ali havia alguém dando muito valor para a sua dedicação.

E é assim que eu quero continuar. Sendo sempre reconhecida por quem realmente importa, por quem realmente precisa ouvir aquilo que tenho pra falar ou pra ensinar; aprendendo e sabendo valorizar as pessoas que tem algo a me ensinar com o coração e não por obrigação ou como por falta de opção. Pessoas que estejam ao meu lado pq querem estar e não só pq se acostumaram e acham que assim está bom.

Eu quero melhorar, eu quero evoluir! Chega de ficar esperando as migalhas e achando que não sou boa o suficiente.
Se não sou boa professora, vou estudar e tentar me aperfeiçoar...
Se não sou boa atriz, também vou buscar mais conhecimento.
A crítica construtiva é sempre muito bem vinda.


Ninguém é auto suficiente e algum dia vc pode precisar tanto de mim quanto eu de vc. O mundo dá muitas voltas então nunca feche uma porta. Deixe sempre uma fresta, sem rancor, sem mágoas e de peito aberto.

segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

Chuva

Um fim de semana intenso de chuva, pós ressaca de tequila, sem amigos e remoendo velhas mágoas.
Dormiu dois dias inteiros e ficou acordada pelas madrugadas desejando que aquilo tudo não passasse de um pesadelo muito real, rezando para que acordasse com um sobressalto, passasse a mão esquerda na testa (como sua avó havia lhe ensinado, certa vez ao acordar de um pesadelo) e então sorrindo abraçasse o travesseiro com a certeza de era só um pesadelo.
Nada disso aconteceu... Dois dias ruminando situações, pessoas, lembranças e remédios. A chuva não dava trégua e ia entrando em suas narinas a sensação do afogamento e fazendo com que acabasse o tubo de neosoro.
No terceiro dia nublado, acordou com o coração tão apertado que rezar somente não adiantava. Queria chorar e as lágrimas não saiam por não saberem o motivo. Queria correr mas não podia. Queria gritar mas era muito adulta pra isso.
Ela sabia bem o que a incomodava as não era apenas isso. Havia tantos outros motivos que ela não conseguia enumerá-los nem resolvê-los.
Apenas uma pessoa poderia fazê-la se sentir melhor. Somente um beijo, um abraço forte...
Por 10 minutos ela foi um pouquinho feliz de novo. Conseguia respirar sem a ajuda de remédios, conseguia rir sem ter que forçar os músculos do rosto. Foi a melhor coisa que fez no dia: ter ido até lá.
Ele reclamou do tamanho do decote dela e, mesmo estando também angustiado, ficou tentando erguer a saia dela enquanto ela atendia o telefone, só para não perder o costume de atazaná-la.
Tiveram que se despedir e assim que tirou os olhos dele tudo voltou... a falta de ar, a angústia, o aperto no peito. As lágrimas, de tão secas, nem vieram.
Ela se olhou no espelho e quase não se reconheceu. Um olhar triste de quem vai perdendo as esperanças de realizar seus sonhos.
Olhava todas aquelas frases de motivação vindas de pessoas que realmente não se importavam em saber como ela realmente se sentia e se afundava numa solidão quase palpável de tão profunda.
Tentou respirar fundo, ler um livro, tomar um banho quente, assistir à novela.
Ganhou um "Boa Noite" e, finalmente, chorou.