segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

Chuva

Um fim de semana intenso de chuva, pós ressaca de tequila, sem amigos e remoendo velhas mágoas.
Dormiu dois dias inteiros e ficou acordada pelas madrugadas desejando que aquilo tudo não passasse de um pesadelo muito real, rezando para que acordasse com um sobressalto, passasse a mão esquerda na testa (como sua avó havia lhe ensinado, certa vez ao acordar de um pesadelo) e então sorrindo abraçasse o travesseiro com a certeza de era só um pesadelo.
Nada disso aconteceu... Dois dias ruminando situações, pessoas, lembranças e remédios. A chuva não dava trégua e ia entrando em suas narinas a sensação do afogamento e fazendo com que acabasse o tubo de neosoro.
No terceiro dia nublado, acordou com o coração tão apertado que rezar somente não adiantava. Queria chorar e as lágrimas não saiam por não saberem o motivo. Queria correr mas não podia. Queria gritar mas era muito adulta pra isso.
Ela sabia bem o que a incomodava as não era apenas isso. Havia tantos outros motivos que ela não conseguia enumerá-los nem resolvê-los.
Apenas uma pessoa poderia fazê-la se sentir melhor. Somente um beijo, um abraço forte...
Por 10 minutos ela foi um pouquinho feliz de novo. Conseguia respirar sem a ajuda de remédios, conseguia rir sem ter que forçar os músculos do rosto. Foi a melhor coisa que fez no dia: ter ido até lá.
Ele reclamou do tamanho do decote dela e, mesmo estando também angustiado, ficou tentando erguer a saia dela enquanto ela atendia o telefone, só para não perder o costume de atazaná-la.
Tiveram que se despedir e assim que tirou os olhos dele tudo voltou... a falta de ar, a angústia, o aperto no peito. As lágrimas, de tão secas, nem vieram.
Ela se olhou no espelho e quase não se reconheceu. Um olhar triste de quem vai perdendo as esperanças de realizar seus sonhos.
Olhava todas aquelas frases de motivação vindas de pessoas que realmente não se importavam em saber como ela realmente se sentia e se afundava numa solidão quase palpável de tão profunda.
Tentou respirar fundo, ler um livro, tomar um banho quente, assistir à novela.
Ganhou um "Boa Noite" e, finalmente, chorou.





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