segunda-feira, 25 de julho de 2011

Vida

Não consigo achar o sentido da vida. Não sei onde eu o perdi, não lembro onde deixei.
Deve ter ficado na Av Paulista, ou depois, na Ipiranga, ou antes, na Times Square.
Na última vez em que eu entrei no mar, ou será que foi da primeira?
Acho que foi quando caiu o último dente de leite. Sei que não foi na última lágrima pq essa foi agorinha mesmo, e esse sentido que eu procuro já não estava mais aqui.
Tento me lembrar como quando alguém perde a chave do carro. Refaço cada passo.
Último palco, último copo de cerveja, de tequila.
Última foto, primeiro beijo, primeiro amor no jardim de infância.
Primeiro floco de neve, última tempestade, último pedaço de bolo.
No cheiro de mimeógrafo, no coração que disparou quando vi alguém que amava.
No fio de cabelo jogado pela janela, na notícia da morte da avó, na última vez que eu ouvi um "Bye Prescela".
Na primeira estrela cadente que eu vi, no livro do Pequeno Príncipe, nas vezes em que eu não falei pra não magoar ou nas vezes que fui o mais sincera que poderia ser.
Na falta da paciência, nas longas noites de sono, numa noite fria esperando um trem em SP.
Na corda que levou meu amigo, na última vez que eu fechei o portão pra alguém, no último vômito, na primeira febre...
Na última vez que chorei assistindo um filme, nos últimos 10 reais da carteira, no show do Elvis cover. Mas isso faz tão pouco tempo!
Não me lembro, só queria de volta.

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