quarta-feira, 6 de julho de 2011

Para o meu violão.


Ele voltou depois de tanto tempo longe. A distância não era física, era de espírito. Sempre senti falta dele mesmo não sabendo direito disso. Vez ou outra eu ainda o sentia tão perto mas não achava que ele me percebia ali, tão apreensiva em tocá-lo.
Foi realmente num estalo que eu me dei conta de que precisava conhecê-lo melhor, entender e admirar cada milímetro dele. E ele estava ali pronto e entregue.
É mágica e angustiante a demora em descobri-lo. Demanda o tempo de espera que eu nunca soube administrar muito bem. Abusa da minha paciência, da minha dedicação, tira o sono, a fome, o foco.
Me faz chorar ao vê-lo em outras mãos, tão perfeito. É ele sempre o primeiro e o último pensamento do dia. É por ele que minhas mãos estão mudando. Por causa dele eu não consigo desligar o computador e a casa permanece inerte. Até calejar continua doendo mas eu não me importo, até gosto.
As cifras bagunçadas em cima da cama mostram que ele esteve ali. Ele está ali, em pé, me olhando. Ele pede colo, pede novidade e vai me viciando um pouco a cada dia que passa. Justo ele, feito de madeira e oco por dentro. Ah, se ele soubesse o que sinto...
Trouxe o tom de tudo, o sentido das coisas, alimento pra alma.
Toque, violão.
Não se cale, por favor.

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