quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Lembrar de esquecer


Essa gripe está me matando.

Eu preciso de cama, escuro, remédios e paz.

Aí, estou eu na minha cama, no escuro, medicada e dormindo em paz. Você me liga e me acorda despejando todo o seu assunto acumulado... desculpa mas eu só queria dormir e a última coisa que eu queria ouvir naquele momento era a sua voz.

Sinceramente eu não me lembro muito da conversa, não lembro os detalhes... Lembro de você ter dito que tinha algo importante pra me falar e marcamos um horário.

Eu me arrastei. A gripe, a preguiça e a certeza de que tudo seria igual.

O assunto sério, o que me interessava, poderia ter sido dito por telefone, por e-mail ou até por telegrama, de tão curto que era.

O restante foi um blá blá blá interminável. Como descrever o indescritível? Existem coisas que a gente não consegue expressar, explicar com palavras ou mesmo racionalizar.

Não adianta ficar 1 hora perguntando "O que eu te fiz?" ou " O que eu deixei de fazer?". Nem eu sei direito.

Sei que são muitas e muitas coisas acumuladas que me fazem sofrer, não só a última ou a penúltima mancada, ou explicar que não foi você... são todas elas, minhas e suas.

São todos os momentos que nós dois vivemos juntos, são todos os momentos que nós não vivemos juntos, é aquele pior dia da minha vida, é aquela sensação de impotência, são as flores que eu não recebi, são os e-mails que eu mandei e apaguei, é a tua sinceridade falsa, as mãos dadas, a respiração igual.

É como se houvesse uma faca apontada pro meu coração e cada dia eu aperto ela um pouquinho mais contra mim, e sangra, às vezes pouco, às vezes mais, e você não consegue entender como eu pude colocar essa faca ali, você sabe que fui eu e não você.. Você pergunta porque, você quer tentar tirar mas não dá, você quer me abraçar e ela afunda mais um pouco. Todos os dias sangra um pouco e não cicatriza.

Eu sinto que vou desmaiar e me apoio na parede. Tudo roda, eu quero vomitar, quero sair correndo dali.Quero gritar pra vc não encostar em mim, quero te bater.

Eu vou embora e não consigo olhar pra trás. Coloco meus óculos escuros assim que sinto escorrer a primeira lágrima. Você me ensinou a chorar nos ônibus e metrôs sem que ninguém perceba.

Agora, nesse momento eu miseravelmente preciso de novo da minha cama, do escuro, dos remédios e mais ainda da paz, mesmo sabendo que ela não virá essa noite.


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